sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

(...) e Blackjack

Uma pessoa anda nesta vida para ganhar dinheiro, ou melhor, convém que ande. Mesmo que um gajo sonhe ser baixista dos Beatles, escritor do Daily Show, director de casting do Woody Allen ou Iniesta do Barcelona, e por mais que nos convença que a realização pessoal vem das cenas em si - e pode vir muito, está certo - há um factor importante nestas actividades tão fixes: ganha-se bem. Tirando uma pessoa que certa vez contactei num emprego em que lidava com esquizofrenias e problemas desses, e que me garantia ambicionar acima de tudo ser repositor de supermercado (e de quem eu nunca duvidei), todo o resto do mundo tem ambições muito legítimas de ganhar muito dinheiro. Algumas dessas pessoas pretendem também abraçar uma actividade que lhes preencha vazios, mas tirando essas franjas, as pessoas ajuizadas querem ganhar o Euromilhões. Sabendo desta importante verdade, os casinos trataram de inventar uns jogos muito simples em que algumas pessoas ganham muito dinheiro sem esforço nenhum e em relativamente pouco tempo. Está aqui uma coisa tão bem feita que é impossível ir ao casino uma noite e não assistir a um golpe de sorte de um pobre diabo que apostou tudo no zero da roleta ou num onze dos dados, e ainda assim, the house always wins e wins muito. Não há aqui nenhum Nobel, é o jogo, enfim. Aconteceu no entanto que os casinos se enganaram com um desses jogos e precipitaram-se a achar que estavam perante uma situação de sorte e azar, com ligeira vantagem para a banca. Permitiram que se jogasse Blackjack nas mesas, e acharam que estavam a controlar um jogo tão aleatório como a Pesca. Acontece que é tão perigoso ter Blackjack numa mesa como Xadrez a dinheiro, e quando, tarde demais, os casinos perceberam esta situação, assistimos orgulhosamente à primeira demonstração pública de mau-perder da casa. Eu explico tudo, é só mais uns dias.

2 comentários:

Tânia Silvestre disse...

... sincero como não se vê por aí. Eu cá, sonho ganhar o euromilhões para conseguir trabalhar no que gosto.
Mas quanto a jogos de casino, se uma pessoa for para a roleta e jogar sempre em pares ou ímpares, é provável que saia d lá com algum dinheiro!

Tânia Silvestre disse...

(aliás... trabalhar no que gosto, mas ser eu a mandar, isso sim)