quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

eat some snickers bar, throw some paper on the floor, read a newspaper


Next time a man calls you a fucking faggot, you get in that ass, Larry, know what I mean? You get in that ass, Larry. That's what the fuck you do. You let that man slide today. You gotta immediately get in somebody's ass when that happens to you. You pull their asshole open, step into their asshole, close the door behind you, pick up your spray-paint can, right? "Larry was here." You spray-paint "Larry was here", "wash me", all that kind of shit, fuck his whole asshole up, eat some snickers bar, throw some paper on the floor, read a newspaper, ball the paper up, the newspaper, and throw the newspaper on the floor, fuck his whole asshole up, you know what I'm saying? Then you open that asshole one more time, step out of his ass and leave that motherfucker wide open, so he knows you've been there.

Tubarão 4



Jumping the shark é uma, digamos, técnica muito comum para salvar séries em agonia e levá-las a mais uma ou duas preciosas temporadas. Matar personagens, trazer novas, substituir actores, mudar de cidade, pôr um casal na cama, convidados especiais, fazer um filme são os exemplos mais comuns e, claro, a maior parte corre muito mal. Há séries, como o West Wing, de quem nunca se esperaria um jump the shark e que ainda assim deixam o pobre espectador ser obrigado a ver o Toby a chorar e a pedir para não ficar sozinho (pelo amor de Deus), e outras que, parecendo todo um longo jump the shark desde o piloto - o Lost - nunca em momento nenhum, garanto, saltaram uma faneca sequer. Sobretudo não se deve levar a mal a um escritor ter que saltar o que quer que seja. Às vezes a vida corre bem outras vezes não, mas não é por termos visto com horror a Maddie e o David a entregarem-se ao amor que deixamos de ter saudades das terças-feiras de Modelo e Detective.

A quarta temporada de Dexter acabou este domingo com o maior jump the shark desta década. Dito isto, o Dexter é uma série competente com uma primeira temporada melhor do que a maior parte das outras coisas, e que está a passar no tempo certo. É um daqueles casos da televisão que só pode existir porque os Simpsons nasceram há vinte anos. Fica assim toda a gente muito divertida e satisfeita com sugestões de sangue por todo o lado e salas cheias de sangue e piadas com sangue e por aí fora (já há trens de cozinha Dexter). Entendo que a segunda temporada era necessária, embora tenha sido o primeiro de uma longa série de jump-the-sharks, mas a partir da terceira acabou-se tudo e passámos à repetição de histórias patetas de um serial killer querido.

Como se não fosse suficiente, despareceu lentamente (ou abruptamente, sinceramente não sei dizer) um pormenor que me fazia simpatizar especialmente com aquelas personagens. Todos suavam. Estamos em Miami e seja agentes a trabalhar, pessoas a passear, assassinos a atravessar a estrada, todos tinham a camisa suada. Há situações que nunca acontecem nos ecrãs, como suar, formatar o disco ou fazer um refogado (mas o Clemenza explica devagarinho como se faz molho de tomate no primeiro Padrinho, abençoado) e deviam ser mais frequentes. Mesmo assim alguém achou que o Dexter precisava de mais família e menos sudação, uma asneira que certamente fez baixar dramaticamente as audiências e nos trouxe a estes dois últimos minutos do último episódio. Enfim, vale-lhe ainda o melhor genérico da televisão.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Seinfeld de 2009

George: Well, I'll never meet anyone else again.
Jerry: Probably not.
George: Meeting is hard.
Jerry: Meeting is hard. Why can't you meet?
George: Can't meet. Why is that?
Jerry: This is what single people are thinking about the minute they wake up in the morning. And yet we're surrounded by people. They're right next to us on the bus, on the street. But we can't meet them.
George: Why won't they meet us?
Jerry: Because strangers have a bad reputation.
George: A few bad strangers that ruined it for the rest of us.

(Entretanto, a Elisabeth Shue voltou a aparecer mais três minutos.)

Has anyone in this family ever even seen a chicken?

Já tratei de ver todo o Terminator: The Sarah Connor Chronicles e está tudo muito decentezinho, mas o mais extraordinário é o final. O final da segunda temporada é o maior cliffhanger da história da televisão. Grandes especialistas como Lost, Prison Break, Dallas ou West Wing (o West Wing nisto dos cliffhangers não era melhor que ninguém; acabava a temporada e, pelo sim pelo não, deixava-se uma bala no ar ou um telefonema de resgate a meio) não conseguiram nunca uma proeza destas. Explicado rapidamente, o John Connor deixa de existir, não deixando. Enfim, isto com viagens no tempo pode tornar-se complicado, mas o notável é que a série foi cancelada neste preciso momento. Já tive muitas noites mal dormidas com séries canceladas, mas esta conseguiu novos patamares.

Supondo que não teve más audiências, e que coisas tão narrativamente inúteis como Prison Break conseguem durar cinco temporadas, o que é que levará directores de televisões a acabar com séries, e porque é que há escritores que levam isto tão a peito e se empenham no cliffhanger mais absurdo de que haja memória? Para desesperadamente tentar manter o emprego parece uma boa resposta, mas na verdade não é. Esta estratégia nunca deve ter funcionado, portanto suponho que deve ser por despeito. Mesmo na série mais injustamente cancelada de sempre, o Arrested Development, os autores fizeram um esforço desumano por uma conclusão, tão bem feito, aliás, que mais tarde se recusaram a continuar noutro canal, alegando como o bom do John Cleese, que se tinham esgotado as ideias, o que me deixou extremamente confuso com toda a situação.

A melhor história de cancelamentos de séries, deve ser a de um programa australiano sugestivamente chamado Australia's Naughtiest Home Videos que foi cancelado antes do primeiro episódio terminar. O dono da estação estava a ver o programa ao jantar e não esperou vinte minutos antes de pegar no telefone e, de acordo com a seguríssima wikipedia, ter gritado "Get that shit off the air!", ao que se fez um intervalo de urgência e se colocou no ar um episódio do Cheers. Isto sim, é poupar dinheiro e chatices com telefonemas, mas o meu louvor vai para o técnico de continuidade, que soube escolher a série menos ofensiva de toda a televisão. Não deve haver uma única alma em todo o mundo que consiga mudar de canal se for surpreendido com um Cheers fora da grelha. Espero que tenha sido devidamente promovido.

Com algum esforço e tempo, vou ficando em paz com séries que terminam antes do que eu gostaria, mas ainda me custa muito não ver as chicken dances desta família com mais regularidade.