sábado, 5 de dezembro de 2009

Has anyone in this family ever even seen a chicken?

Já tratei de ver todo o Terminator: The Sarah Connor Chronicles e está tudo muito decentezinho, mas o mais extraordinário é o final. O final da segunda temporada é o maior cliffhanger da história da televisão. Grandes especialistas como Lost, Prison Break, Dallas ou West Wing (o West Wing nisto dos cliffhangers não era melhor que ninguém; acabava a temporada e, pelo sim pelo não, deixava-se uma bala no ar ou um telefonema de resgate a meio) não conseguiram nunca uma proeza destas. Explicado rapidamente, o John Connor deixa de existir, não deixando. Enfim, isto com viagens no tempo pode tornar-se complicado, mas o notável é que a série foi cancelada neste preciso momento. Já tive muitas noites mal dormidas com séries canceladas, mas esta conseguiu novos patamares.

Supondo que não teve más audiências, e que coisas tão narrativamente inúteis como Prison Break conseguem durar cinco temporadas, o que é que levará directores de televisões a acabar com séries, e porque é que há escritores que levam isto tão a peito e se empenham no cliffhanger mais absurdo de que haja memória? Para desesperadamente tentar manter o emprego parece uma boa resposta, mas na verdade não é. Esta estratégia nunca deve ter funcionado, portanto suponho que deve ser por despeito. Mesmo na série mais injustamente cancelada de sempre, o Arrested Development, os autores fizeram um esforço desumano por uma conclusão, tão bem feito, aliás, que mais tarde se recusaram a continuar noutro canal, alegando como o bom do John Cleese, que se tinham esgotado as ideias, o que me deixou extremamente confuso com toda a situação.

A melhor história de cancelamentos de séries, deve ser a de um programa australiano sugestivamente chamado Australia's Naughtiest Home Videos que foi cancelado antes do primeiro episódio terminar. O dono da estação estava a ver o programa ao jantar e não esperou vinte minutos antes de pegar no telefone e, de acordo com a seguríssima wikipedia, ter gritado "Get that shit off the air!", ao que se fez um intervalo de urgência e se colocou no ar um episódio do Cheers. Isto sim, é poupar dinheiro e chatices com telefonemas, mas o meu louvor vai para o técnico de continuidade, que soube escolher a série menos ofensiva de toda a televisão. Não deve haver uma única alma em todo o mundo que consiga mudar de canal se for surpreendido com um Cheers fora da grelha. Espero que tenha sido devidamente promovido.

Com algum esforço e tempo, vou ficando em paz com séries que terminam antes do que eu gostaria, mas ainda me custa muito não ver as chicken dances desta família com mais regularidade.


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