À cautela, e para já, não tenho mais aspirações para 2013 do que as estreias em Janeiro de Lincoln e de Django Unchained.
Como para qualquer cidadão que ame a civilização, Lincoln é a minha pessoa preferida e a minha obsessão mais querida. Mesmo que fosse Michael Bay a tratar do assunto, lá estaria eu na semana de estreia, mas medos há.
Enfim, não é que tenha assim tanto em mim contra Spielberg - não foi por ele que veio mal ao cinema, pelo contrário - mas é inacreditável que alguém que goste tão sinceramente do público, o tenha em tão pouca conta que nunca consiga evitar acrescentar sempre mais um vestido vermelho, um anel que faltou derreter, um discurso demasiado inspirado, uma pequena tragédia de desencontro, um jeitinho, um empurrão numa realidade que nunca lhe é suficiente (claro que o escândalo que foi Amistad é o maior alimento de todos estes medos).
Não ajudou ter lido, a tapar os olhos de vergonha, que o filme abre com dois soldados, um branco e um preto, a citar de cor o discurso de Gettysburg, nem que Lincoln ouve (espero por tudo o que é sagrado que não tenha sido no leito da morte) os sinos que anunciam a aprovação da lei da emancipação. O pior pode perfeitamente estar para vir.
Mas apesar de termos pintado tão negro o cenário, estamos todos muito confiantes aqui no blog. É que há Daniel Day-Lewis. Num ano em que Anthony Hopkins, coitado, vai usar o seu habitual método de se afastar o mais possível do personagem que interpreta, na biopic de Hitchcock e demasiado perto da imitação mimética /concurso de televisão de Thatcher que a Meryl Streep fez há um par de anos (ninguém está a falar mal da Meryl Streep, tenham lá calma), teremos agora o fenómeno de sair do cinema com a certeza de que o próprio Abraham Lincoln, em 1860, nunca compreendeu bem a essência de Abraham Lincoln, problema que estará finalmente resolvido.
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