Apenas duas pessoas escolheram Ramones e só uma delas não é o Morrissey. Os Blur foram escolhidos uma única vez e por um ex-director da BBC, por certo para evitar chatices. Há quatro cidadãos que levavam os Oasis para uma ilha (para uma ilha parece-me exagerado, mas uma destas pessoas, só uma - um jogador de rugby - escolheu o Champagne Supernova, o que não me ofende) e os Pulp ganham esta pequena liguilha com cinco escolhas.
Não há cá merdas quanto a indies no geral - nem um voto - sobretudo indie yankee como Strokes, National, Beirut ou Vampire Weekend. Nem indie yankee do norte como Arcade Fire ou Feist. Se tivermos mesmo que escolher lixo desse, então que seja o nosso lixo: oito para Radiohead, um para Goldfrapp, um para PJ Harvey, um para Franz Ferdinand. Bem vistas as coisas, pensará o britânico médio, o que é que esta miudagem quer inventar? Já cá temos The Who (41), Bowie (32), os Stones (54), que raio: inventámos os Beatles (253), o que querem mais?
Não sei se por peer pressure, se por apurado sentido prático (as músicas têm mais do que três minutos, de facto) Bach, Beethoven, Mendel, Mozart e essa malta têm as escolhas mais numerosas. Admite-se algum jazz, desde que devidamente aprovado por Philip Larkin ou Kingsley Amis. Se tiver mesmo mesmo que ser, que não passe de Duke Ellington, Count Basie ou, no limite dos limites, o início de carreira de Miles Davis. Nem pensar em Ornette Coleman (que ainda assim teve três) ou Chick Corea (um). Mesmo Bill Evans ou John Coltrane foram escolhidos por seis e oito pessoas, perigosos dissidentes, decerto. Já que falo nisto, a única pessoa que escolheu White Stripes (e logo por pontaria escolheu I Just Don't Know What to Do with Myself) foi uma ex-directora do MI5.
Dir-se-ia que não se pode ir mais longe, mas 127 pessoas resolveram que nem os grandes compositores românticos estariam livres de poluir o bom ambiente da ilha. 127 pessoas escolhem Shakespeare e não se fala mais nisso.
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