sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
I'm sorry Ms.Ocean
O André 3000 é um daqueles casos (o Jack White, outro) que tem um toque de Midas.
Não desfazendo (pela segunda vez hoje) o Frank Ocean.
Não desfazendo (pela segunda vez hoje) o Frank Ocean.
Xifangzhongxinzhuyi
Eu sei, eu sei, expressões como essa língua esquisita revelam mais da minha estupidez do que da complexidade da língua, mas demorei tanto tempo a saber se esta frase era ou não uma piada que para não estragar o momento decidi não ler nem mais uma linha do artigo:
But there is another problem with the arguments made by Mo Yan’s defenders, and that is what the Chinese call xifangzhongxinzhuyi. This phrase does not translate easily (...).
Em Why We Should Criticize Mo Yan
Ouvi pela primeira vez este Elephant de Tame Impala no carro e pensei estar a ouvir Pink Floyd dos tempos de The Piper at the Gates of Dawn (pensei mesmo, não é força de expressão), embora reconheça a minha confusão quando ouvi o John Lennon a cantar.
Sei bem que 2012 está entregue a Frank Ocean, e claro que não acho que este Lonerism dos Tame Impala seja melhor, mas acontece que há um clique quando ouço determinada meia dúzia de bandas pela primeira vez - que inclui, por exemplo, os Battles ou os Animal Collective - que me faz sentir menos velho. É díficil explicar isto, mas é assim.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Este fim
Uma das regras que o cinema de autor quebrou com gosto foi o do final feliz. Certo, não eram todos sempre assim, mas os filmes precisam de ser vendidos e os produtores não gostam de tragédias às quais se arranque toda a esperança (Hitchcock poderá ter sido o realizador que mais bem soube até onde podia levar as pessoas). Mesmo em Alien foi necessário um ajuste ao guião original salvando pelo menos um dos tripulantes. Finais felizes como em It's a Wonderful Life ou The Apartment parecem ser cláusulas de um contrato (embora só há muito pouco tenha sido informado por fontes insuspeitas que o final de The Apartment tem problemas). Foi com gosto que o público abriu os braços ao final pouco feliz ou triste ou trágico e, mais importante, lhe atribuiu credibilidade. Ninguém acredita na probabilidade de alguma coisa correr bem se puder correr mal, assim vai o mundo.
E é posto tudo isto que tanto intrigam os finais das histórias de Rohmer. Não é apenas um final feliz. É o mais feliz e perfeito possível, improvável de euromilhões, tão bem resolvido que julga-se estar a assistir à chegada à loucura da personagem. Mas é mesmo assim que Rohmer o quer, sem compromissos nem conformismos (os Seis Contos Morais são outro assunto, mas também lá está um tipo de final feliz, pelo menos do ponto de vista do moralista). Porque os fez assim talvez não interesse, mas pergunto-me se terá sido para voltar a um tempo do cinema em que ninguém levava a mal um destes finais, ou se quis tirar de si (e do público) o peso do protagonismo do fecho da história, criando-o tão perfeito que o tornou irrelevante e transportar-nos assim para o que realmente estava interessado em filmar: conversas de pessoas.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
The Dickensian Aspect
Não pesquisem, mas não é sem vergonha que se constata que sempre que Dickens foi aqui mencionado só serviu de muleta a posts sobre o Wire. Já que (nota-se) estou a trabalhar hoje, tomem então um bocadinho de 1901 e uma boa noite para todos.
Cá estamos
À cautela, e para já, não tenho mais aspirações para 2013 do que as estreias em Janeiro de Lincoln e de Django Unchained.
Como para qualquer cidadão que ame a civilização, Lincoln é a minha pessoa preferida e a minha obsessão mais querida. Mesmo que fosse Michael Bay a tratar do assunto, lá estaria eu na semana de estreia, mas medos há.
Enfim, não é que tenha assim tanto em mim contra Spielberg - não foi por ele que veio mal ao cinema, pelo contrário - mas é inacreditável que alguém que goste tão sinceramente do público, o tenha em tão pouca conta que nunca consiga evitar acrescentar sempre mais um vestido vermelho, um anel que faltou derreter, um discurso demasiado inspirado, uma pequena tragédia de desencontro, um jeitinho, um empurrão numa realidade que nunca lhe é suficiente (claro que o escândalo que foi Amistad é o maior alimento de todos estes medos).
Não ajudou ter lido, a tapar os olhos de vergonha, que o filme abre com dois soldados, um branco e um preto, a citar de cor o discurso de Gettysburg, nem que Lincoln ouve (espero por tudo o que é sagrado que não tenha sido no leito da morte) os sinos que anunciam a aprovação da lei da emancipação. O pior pode perfeitamente estar para vir.
Mas apesar de termos pintado tão negro o cenário, estamos todos muito confiantes aqui no blog. É que há Daniel Day-Lewis. Num ano em que Anthony Hopkins, coitado, vai usar o seu habitual método de se afastar o mais possível do personagem que interpreta, na biopic de Hitchcock e demasiado perto da imitação mimética /concurso de televisão de Thatcher que a Meryl Streep fez há um par de anos (ninguém está a falar mal da Meryl Streep, tenham lá calma), teremos agora o fenómeno de sair do cinema com a certeza de que o próprio Abraham Lincoln, em 1860, nunca compreendeu bem a essência de Abraham Lincoln, problema que estará finalmente resolvido.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Tabela de preços
Billy Wilder acordou com a produção um cachet de dez mil dólares pelo guião de Ball of Fire. Mario Puzo terá vendido ao estúdio o seu guião d'O Padrinho por dez mil dólares. Conta-se ainda que Tarantino, no início de carreira, teve que vender e abdicar dos direitos de um dos seus dois guiões já escritos. Um era Reservoir Dogs, o outro, True Romance. Vendeu este por dez mil dólares. Aparentemente, seja nos anos 40, 60 ou 90 há um valor-padrão fixo para primeiros guiões de escritores.
Argumentos
É sensato não exagerar nas saudades de outros tempos de escrita para cinema, mas ninguém pode evitar um comentário retrógrado depois de dez minutos de Ball of Fire, filme de 1941 escrito por Billy Wilder, um emigrante em Hollywood.
- Professor Gurkakoff, your window shade again.
- Yes, Miss Bragg.
- It's a crime to carelessly expose this good carpet.
- You've just committed a more serious crime, Miss Bragg.
You have split an infinitive.
Never "to carelessly expose." Always "to expose carelessly."
- I'm not here to juggle words.
It's my job to conscientiously see that this house...
- You've just split another one, Miss Bragg.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Eu devia ser consultado sobre as coisas
Numa daquelas situações que nunca poderei provar, disse em voz alta, embora tarde demais, que o It Won't Be Long de Beatles antecipou de tal forma os Franz Ferdinand que só lhes restava a humildade de fazer rapidamente uma cover da canção. Fui esmagado na minha insignificância quando descobri que a cover já existia e de nada me valeu a epifania.
Ontem, felizmente, enquanto preparava umas fajitas de frango para jantar, escolhi para playlist um shuffle de White Stripes, Cure, Beatles, e Mutantes (eu sei, eu sei, sou muito bom nisto). Como convém que os aros de cebola caramelizem violentamente antes de meter as tiras de frango na chapa, e como já tinha tratado do tomate em cubos, com cebola picada e coentros num charquinho de lima e azeite, pude parar para reflectir um pouco, precisamente no momento em que o caos binário do meu leitor de mp3 escolhia o muito bonito Offend in Every Way desse imaculado White Blood Cells. É evidente que mais tarde havia de adormecer e acordar com um loop de Offend in Every Way dentro da cabeça, que se manteve em grande parte do dia.
Não sei como chegámos deste ponto ao momento em que o loop passou para o I'm So Tired, mas é perfeitamente natural que tudo tenha sucedido assim. Aqui está a única canção de Beatles que quero ver nas garras de Jack White, se possível rapidamente. Pessoas com dúvidas devem dirigir-se directamente para os 0:38, o momento em que John Lennon, sempre um visionário, decide que quer ser o Jack White. Como todos nós.
domingo, 13 de maio de 2012
Lost
Uma parte muito significativa deste fim-de-semana foi passado de volta dos podcasts de Desert Island Discs da BBC, programa de rádio com 70 anos. Comecei com algumas estatísticas rápidas. Foram entrevistadas 2893 pessoas, cada uma com direito a oito canções que levaria para uma ilha deserta. Vejamos.
Apenas duas pessoas escolheram Ramones e só uma delas não é o Morrissey. Os Blur foram escolhidos uma única vez e por um ex-director da BBC, por certo para evitar chatices. Há quatro cidadãos que levavam os Oasis para uma ilha (para uma ilha parece-me exagerado, mas uma destas pessoas, só uma - um jogador de rugby - escolheu o Champagne Supernova, o que não me ofende) e os Pulp ganham esta pequena liguilha com cinco escolhas.
Não há cá merdas quanto a indies no geral - nem um voto - sobretudo indie yankee como Strokes, National, Beirut ou Vampire Weekend. Nem indie yankee do norte como Arcade Fire ou Feist. Se tivermos mesmo que escolher lixo desse, então que seja o nosso lixo: oito para Radiohead, um para Goldfrapp, um para PJ Harvey, um para Franz Ferdinand. Bem vistas as coisas, pensará o britânico médio, o que é que esta miudagem quer inventar? Já cá temos The Who (41), Bowie (32), os Stones (54), que raio: inventámos os Beatles (253), o que querem mais?
Não sei se por peer pressure, se por apurado sentido prático (as músicas têm mais do que três minutos, de facto) Bach, Beethoven, Mendel, Mozart e essa malta têm as escolhas mais numerosas. Admite-se algum jazz, desde que devidamente aprovado por Philip Larkin ou Kingsley Amis. Se tiver mesmo mesmo que ser, que não passe de Duke Ellington, Count Basie ou, no limite dos limites, o início de carreira de Miles Davis. Nem pensar em Ornette Coleman (que ainda assim teve três) ou Chick Corea (um). Mesmo Bill Evans ou John Coltrane foram escolhidos por seis e oito pessoas, perigosos dissidentes, decerto. Já que falo nisto, a única pessoa que escolheu White Stripes (e logo por pontaria escolheu I Just Don't Know What to Do with Myself) foi uma ex-directora do MI5.
Dir-se-ia que não se pode ir mais longe, mas 127 pessoas resolveram que nem os grandes compositores românticos estariam livres de poluir o bom ambiente da ilha. 127 pessoas escolhem Shakespeare e não se fala mais nisso.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
quinta-feira, 10 de maio de 2012
A Odisseia
David Simon sempre soube, mesmo quando The Wire ainda era um projecto (se alguém ainda não o fez, pesquise "wire + bible + pdf") que tinha atingido o melhor que alguma vez se tentou em televisão. Era muito comum afirmar que The Wire não era televisão (nem sequer HBO): teve a estrutura, densidade, dimensão e propósito de um romance e não de uma série.
Homicide não é, nem podia ser, tão ambicioso. Uma grande parte dos casos são resolvidos num episódio e mesmo havendo uma linha narrativa mais longa, o espectador não se sente perdido se apanhar a série num zapping pela primeira vez na terceira temporada. É televisão mais convencional.
Ainda assim, quando descreve Homicide, Simon apresenta-o como um conjunto de contos, ligados por um ambiente preciso e particular. E acrescenta que é o equivalente televisivo a Dubliners.
Nunca lhe faltou moral, abençoado.
Filhos e enteados
Porque a ficção em televisão anda num momento especialmente aborrecido, resolvi voltar a 1993 e começar Homicide - Life on the Street, a série que apresentou a Baltimore de David Simon ao mundo. No mesmo ano estreava também X-Files. Não quero parecer ingrato, mas quase vinte anos depois o legado de uma é Lost e o de outra é The Wire.
terça-feira, 8 de maio de 2012
Tum num. Tum num. *
Até à terrível experiência com Second Life (um filme que felizmente toda a gente já esqueceu), Bernardo Sassetti costumava apontar em entrevistas o quanto gostava de trabalhar em cinema e as dificuldades e morosidade do processo. George Lucas disse que depois de um ano e meio de filmagem, montagem e desastres diversos no laboratório de efeitos especiais, a primeira coisa que correu bem na produção de Star Wars foi a banda sonora que John Williams lhe mostrou já pronta. Nino Rota, Morricone, Bernard Herrman, Max Steiner, Bill Conti (sim, o Gonna Fly Now, do Rocky) tudo gente que não parece ser capaz de trazer más notícias a um realizador. É certo que não faltam péssimas bandas sonoras (Serpico podia não ter sobrevivido àquele horror de música espalhado pelo filme todo), mas não se conhece histórias de compositores despedidos, como aquelas em que Woody Allen despede todo o elenco ou toda a equipa de filmagem e recomeça do zero. Nem conheço música que tenha sido rejeitada e, imagino, deve haver material para uma edição especial de umas dezenas de discos. Há canções de genérico em alguns James Bond com que ninguém pode ter ficado satisfeito, e aparentemente passaram sempre. Talvez seja mais difícil despedir um compositor que outro funcionário qualquer. Um critério com que não seria disparatado contar nos índices de empregabilidade da profissão.
*Banda sonora de Tubarão, como terão adivinhado.
10º ano
Pela primeira vez na minha vida estou a ler um livro com auxílio de um guia de leitura e agora não entendo o porquê da má fama desta modalidade.
Calha a todos
Tirando a cavalgada narrativa da quarta temporada, Mad Men soube sempre fazer do tempo lento o seu maior charme. Hoje os diálogos continuam irrepreensíveis, o contexto perfeito, a produção cada vez mais cuidada, mas parece um monstro inconsequente. Um enorme medo de estragar e matar a galinha de ovos de ouro que inventaram tão bem. Paradoxalmente, prevê-se que haverá cada vez mais prendas (o jump the shark de Mad Men) como Tomorrow Never Knows de Beatles a tocar no gira-discos de Draper do episódio 8, que custou em direitos 250 mil dólares. Custos de autenticidade, dizem os produtores da série. LSD, Stones e Beatles, a vanguarda do anti-tabagismo, cancro, beats e hippies, abortos e agora até um rapaz que nasceu num campo de concentração. Começa a não haver nada que não tenha acontecido a este escritório. Que pena. Não foi sempre assim.
domingo, 25 de março de 2012
MEC on Macca #3
[O] último disco genial dos Beatles foi Revolver, diz ainda Miguel Esteves Cardoso. Eis uma tendência inevitável, verdadeira, e que eu próprio partilharia se fosse homem para isso. À medida que um gajo cresce, vão ficando para trás o fascínio adolescente pelas complexas obras de estúdio que abriram caminho a praticamente toda a gente a partir de 1970 e a paciência para os A Day in the Life desta vida. E deixa de haver dúvidas que a amálgama de composições Lennon/McCartney em série e sem critério até Help são dos três ou quatro anos mais magníficos do rock.
MEC on Macca #2
Já ouvi mais vezes a opinião de Miguel Esteves Cardoso sobre os Beatles e é de certeza a mais informada e reflectida do país. É, por exemplo, uma pessoa que nunca hesitou em atribuir génio a McCartney ou aos primeiros álbuns da banda. Este texto, sobre aquele que provavelmente será o último álbum de um beatle, é assim, zangado, por amor, não por desprezo. MEC garante que um disco destes destrói tudo o que o artista fez anteriormente, mas de certeza que passados estes dias já não pensa assim. É, pelo contrário, a obra (que provavelmente lhe custou a juventude) que nos dá os meios para lhe perdoar qualquer asneira na velhice como ao tio que estraga jantares.
MEC on Macca
Foi preciso viver e esperar muitos anos para descobrir o pior disco de música popular alguma vez gravado. Como bónus, cada exemplar inclui a pior versão de sempre de uma canção popular já de si muito má.
Não estamos a falar de maldade que, por ser tão má, até tem graça, nem que seja para nos rirmos dela. Não. Esta é uma vileza musical que nos deprime e angustia. O cantor é bom, os músicos são bons e as canções são boas (excepto a tal, chamada Inch Worm). Só os resultados da conjunção de tantas bondades é que repugna. Só as vítimas deste melocídio saberão que estou a ganir por causa de Kisses On The Bottom, o nome de pior gosto posto por um dos poucos génios da música pop (Paul McCartney).
Chegou a altura de dizer o indizível: o último disco genial dos Beatles foi Revolver. E não era todo bom. Nenhum dos ex-Beatles - mesmo John Lennon - fez um disco melhor do que qualquer disco dos Beatles, incluindo os últimos e menos bons. Ringo Starr fez sempre álbuns horríveis. Mas nenhum é tão mau como o último (Deus queira) de Paul McCartney.
O pior de Kisses On The Bottom é que, por ser tão mau, destrói retroactivamente as grandes canções e interpretações dele. É horrendo. Provoca doenças nos ouvidos. É um desrespeito e um castigo.
Como é que é possível? Ninguém sabe. Nem sequer Satanás. Nunca nada foi tão mal cantado ou ofendeu mais. Que grande merda. Se precisarem de vomitar, usem o emético The Glory of Love. Pobre, malvado McCartney.
Miguel Esteves Cardoso, no Público de 2/3/2012, um copy-paste facilitado pelo MacGuffin.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Don't forget the cannoli
Há uma gastronomia muito específica, cada vez mais rara, aquela que os homens cozinham para outros homens, isto é, um desporto de competição. Algumas das melhores refeições da minha vida foram neste ambiente, na infância, sobretudo à volta de um ensopado de borrego e um tinto da produção de algum deles (outro desporto violento este do vinho de produção) "espesso como azeite", que nunca provei, mas que me ficou como primeira memória de uma apreciação de uma prova.
Apesar de ser um meio agressivo, era possível com apenas um trunfo um homem afirmar-se entre os seus pares, trunfo que invariavelmente andaria à volta de uma feijoada, ensopado, arroz de peixe ou marisco (Miguel Sousa Tavares com o seu "duvido que Adrià faça um peixe grelhado tão bom como o meu"), e que para os menos dotados podia ser apenas um truque fundamental, como o minucioso corte com uma lâmina da barba do alho que tanto impressiona o personagem de Ray Liotta em Goodfellas, um wiseguy que provavelmente nunca confeccionou uma sandes na vida. Da mesma forma, todos os que amam o Padrinho, sabem como fazer uma bolonhesa para um grupo seguindo as instruções específicas de Clemenza, numa receita à qual não vale a pena fugir. Mais tarde, no terceiro filme, Vincent o bastardo da família, é também obrigado a manter-se escondido e também ele se vê a cozinhar para os seus homens, proeza de que se gaba com orgulho à prima impressionável, embora desta vez não seja possível saber o quê. Em A View to a Kill, James Bond, na mesma situação, mas evidentemente com uma mulher, veste o avental para produzir uma quiche adequada à situação. Este tipo de cozinheiro só precisa de ter bem estudada a sua manobra de Heimlich gastronómica para a poder usar no momento certo, de preferência uma situação-limite.
Só os Sopranos, na sua ânsia de matar todos os clichés, passaram ao lado deste fenómeno. Quando precisaram de se barricar num apartamento, os homens de Tony não foram capazes de mais do que uma encomenda de um restaurante chinês.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Not terribly smart
Bassists are not terribly smart. The best bassists come to terms with their limitations by playing simple lines and rarely soloing. During the better musical moments, a bassist will pull his strings hard and grunt like an animal. Bass players are built big, with paws for hands, and they are always bent over awkwardly. If you talk to the bassist during a break, you will not be able to tell whether or not he's listening.
Save Stuart Sutcliffe
Ringo Starr é, porventura, a origem de todas as piadas de bateristas, que por sua vez são a última barreira que protege os baixistas do humor popular. Mas a melhor anedota que conheço aconteceu-me a mim. Tive em tempos a minha casa assaltada, numa oportuna noite de Santo António. Encostados a um canto da sala estavam um baixo de algum valor e uma viola que não terá custado mais do que 30 euros. Aparentemente nenhuma hesitação assaltou os larápios, levando consigo a guitarra e deixando o baixo. Só não acrescento "deixando o baixo no mesmo sítio" porque tiveram que o desviar para levar o que queriam.